O Espiritismo foi revelado à humanidade pelos Espíritos no século XIX, objetivando resgatar os ensinamentos de Jesus, distorcidos ao longo de dezenove séculos pelas leituras fragmentadas dos homens que conduziram as religiões cristãs.
Allan Kardec é o codificador da doutrina Espírita, foi o organizador das informações obtidas junto aos espíritos através de médiuns, avaliando-as, comparando-as e editando-as nas obras da codificação, tendo como títulos: O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, A Gênese, O Céu e o Inferno.
Espiritismo é uma mentalidade, um modo de vida, uma forma de relação com o mundo e muito mais. Conhecê-lo implica estudá-lo, mas estudá-lo desde seus eventos precursores, que permitiram a maturidade necessária da humanidade para recebê-lo.
Para entender o Espiritismo é necessário buscar conhecer o contexto histórico onde ele se descortina à humanidade. Falar de Espiritismo é falar de Kardec, é saber quem foi o homem Denizard Rivail que se tornou o codificador Kardec.
Allan Kardec era o pseudônimo de Hippolyte Léon Denizard Rivail, nascido em Lion, a 3 de outubro de 1804. Iniciou seus estudos em Lion, completando-os em Yverdun, na Suíça, com o célebre Pestalozzi, de quem tornou-se discípulo eminente e dedicado colaborador. Foi substituto de Pestalozzi durante suas jornadas para difundir o seu novo sistema de educação, que tanto influenciou o ensino na Europa. Era bacharel em letras, ciências e doutor em medicina. Lingüista, falava alemão, espanhol, inglês e italiano. Fundou em Paris um instituto similar ao do mestre na Suíça. Casou-se com Amélia Boudet, professora.
Ganhava a vida como contador e após o trabalho diário escrevia livros de gramática e aritmética. Traduzia obras escritas em inglês e alemão. Ministrava em sua casa cursos gratuitos de anatomia, astronomia, física e química, os quais eram bastante freqüentados.
Dentre as suas numerosas obras convém citar, por ordem cronológica: Plano apresentado para o melhoramento da instrução pública, em 1828; em 1829 publicou, para uso das mães de família e dos professores, o Curso prático e teórico de aritmética; em 1831 fez aparecer a Gramática francesa clássica; em 1846 o Manual dos exames para obtenção dos diplomas de capacidade, soluções racionais das questões e problemas de aritmética e geometria; em 1848 foi publicado o Catecismo gramatical da língua francesa; finalmente, em 1849, tornou-se professor no Liceu Polimático, ensinando Astronomia, Fisiologia, Química e Física. Várias de suas obras foram adotadas pela Universidade de França, que o transformaram em respeitável nome no meio acadêmico. O homem Rivail, perfeitamente integrado ao seu tempo, conhecedor da vasta cultura que movia o século XIX tinha por seus méritos alcançado o sucesso almejado, daí o fato de não utilizar seu nome nos escritos da codificação espírita para não influenciar seus leitores. Rivail preparara o aparecimento de Kardec, e ambos, personalidades em perfeita combinação, tornaram possível o nascimento do Espiritismo.
Em 1854 teve seu primeiro contato com os fenômenos das mesas girantes, dado seu interesse no estudo do magnetismo.
De 1854 a 1856 participou de reuniões mediúnicas, onde valendo-se do método cientifico concebeu a obra da codificação oportunizada pelos espíritos superiores, como podemos ver nas transcrições abaixo obtidas no livro Obras Póstumas:
“… Foi aí que fiz os meus primeiros estudos sérios em Espiritismo, menos ainda por efeito de revelações que por observação (grifo nosso). Apliquei a essa nova ciência, como até então o tinha feito, o método da experimentação; nunca formulei teorias preconcebidas; observava atentamente, comparava, deduzia as conseqüências; dos efeitos procurava remontar às causas pela dedução, pelo encadeamento lógico dos fatos, não admitindo como válida uma explicação, senão quando ela podia resolver todas as dificuldades da questão. (grifo nosso)
…Foi assim que mais de dez médiuns prestaram seu concurso a esse trabalho. E foi da comparação e da fusão de todas essas respostas, coordenadas, classificadas e muitas vezes refeitas no silêncio da meditação, que formei a primeira edição de O Livro dos Espíritos, a qual apareceu em 18 de abril de 1857.” (grifo nosso)
Hippolyte Léon Denizard Rivail faleceu em Paris no dia 31 de março de 1869, aos 65 anos de idade. O mundo deve muito a este elevado espírito que reencarnou entre nós, com a missão de consolidar o conhecimento e a experiência humana, concebendo uma obra tão profunda e ao mesmo tempo acessível. Quanto mais nos aprofundamos nos estudos de sua obra, constatamos o alcance, a coesão e a coerência desta.
Kardec é a linha de chegada de grandes pensadores que deflagraram importantes revoluções, dentre eles podemos citar: Lutero, Descartes, Kant, Voltaire e Rousseau.
Ele não criou os fenômenos espirituais. Estudou, catalogou, explicou e nomeou cientifica e metodicamente as causas, meios e efeitos destes fenômenos que sempre ocorreram desde os primórdios da humanidade. Resgatou para o cristianismo a comunicação com o mundo espiritual que havia sido erradicada pelo catolicismo. Abriu um mundo novo para ser estudado e mostrou a conseqüência de tudo isto para a nossa jornada evolutiva.
Ainda não nos demos conta do valor que esta obra tem para a humanidade terrena. Que possamos pô-la em prática para podermos implantar finalmente o cristianismo, que Jesus nos legou em nosso planeta.
Nota: as fotos não constam do texto original e foram inseridas pelo KSSF.
Fonte: Texto – “Quem foi Kardec ” – Jeferson Betarello e Cícero Souza – CEESPI (Centro de Estudos Espíritas) e FEAL – Fundação Espírita André Luiz